quinta-feira, 18 de maio de 2006

Atenção

Atenção a todos os amigos.
apelo a todos que acompanham esse blog, que nos ajude a dizimar o que está acontecendo.
a Policia Militar e a Policia Civil afetados com a onde de matança, estão fazendo da nossa periferia um estado prá lá de nazista, já são mais de 100 "suspeitos"assassinados, e nenhum deles é PCC .
Só de colegas, foram mortos 4, isso pra não contar os que estão no hospital.
nenhum deles tinha passagem, por isso apelo para que divulguem a real de que o acordo não foi feito com o povo, o povo tá morrendo, sendo baleado pelas costas, ao entregar pizza, ao voltar para casa.
a policia covarde, treme perante o olhar do ladrão, mas mata sem dó quem está simplismente voltando para casa.
isso é uma vergonha, e se é o trabalho deles, tá na hora dagente fazer o nosso, reagir com cidadania, mostrando que não queremos essa matança.
LEI MARCIAL PARA POBRES INOCENTES FOI DECRETADA.
Ferréz

quinta-feira, 4 de maio de 2006

FAVELA TOMA CONTA

Suburbano Convicto Produções, Enraizados SP e MHHOB orgulhosamente apresentam...
9o FAVELA TOMA CONTA
O maior evento de hip hop na rua do Brasil.

DIA 21 de MAIO a partir das 12:00 hs no Itaim Paulista (Extremo Leste de SP).

Apresentação: Escritor Alessandro Buzo.
Graffit: Mc Tabaco.
DJS: Zóio e Guga.
SERGIO VAZ E OS POETAS DA COOPERIFA. KING NINO BROWN nas pick ups com As 10 + DOS ANOS 70, EM HOMENAGEM À JAMES BROWN.

Shows com.........
EXPRESSÃO ATIVA
CLÃ NORDESTINO
DI FUNÇÃO
HORUS
FIELL (RJ)
SPAINY E TRUTTY
REALISTAS NPN (MG)
ANA PAULA_A LIGA (SJRP)
GUERRILHA URBANA
DCM
CONEXÃO POPULAR
D'ELEMENTOS
CARLÃO + 1 GUERREIRO DA LESTE
VISÃO URBANA
Da Baixa (RJ)
REVÉS

Local: Rua Antonio Castanho da Silva, s/n - Em frente aos prédios do CDHU Como chegar: Onibús Jd Nazaré no Metrô Penha, descer 1 ponto antes de pegar a Estr. Dom João Nery, ir de pé até ela e pagar uma rua depois da ponte. Lotação Guaianazes no centro do Itaim Paulista em frente a CX ECON.FED. (descer um ponto depois da Panif. Jd Olga).
Apoio: Secretária Estadual de Cultura, CONDUTA, Movimento Enraizados, Portal Rap Nacional, MHHOB, REVISTA RAP BRASIL, ZULU NATION BRASIL, COOPERIFA, LITERATURA NO BRASIL, CLAM (RJ), Porte Ilegal.
*SE POSSIVEL DOE UM LIVRO OU 1 KILO DE ALIMENTO.
* www.suburbanoconvicto.blogger.com.br

segunda-feira, 1 de maio de 2006

Guerrilha Feminina

Os atuais índices do IBGE denunciam jornada de mais de quatro horas para 90% das trabalhadoras em tarefas domésticas, em oposição às duas horas de 46% dos trabalhadores dedicadas ao lar. Embora os números apresentem a vasta diferença entre os sexos a respeito de funções da casa, alguns conceitos mostram-se evoluídos e evideciam uma mudança em ambos os lados.
"O homem deve trabalhar e suprir a família, e a mulher tem obrigações domésticas e voltadas para os filhos",pensamento típico dos anos 60,no qual as mulheres queimavam os sutiãs com o intuito de serem escutadas e compreendidas. Nessa mentalidade fica claro o preconceito criado pela sociedade, que impõe padrões e esteriótipos até os dias atuais.
Embora alguns digam que pequenas,as conquistas deram-se aos poucos e trouxeram mutações positivas para o estilo de vida de muitas pessoas. Por exemplo, atualmente não é tão absurdo ver homens incumbidos com afazeres domésticos e educação dos filhos, e mulheres responsáveis pela renda familiar. Quando o indivíduo tem a conciência desta igualdade, a convivência entre a família torna-se mais fluente e agradável,possibilitando negociações convinientes para ambos.
Em contraposição a casos como estes, existem aqueles que se mostram ainda mais prejudicados. Em especial,as mulheres que, devido a conquista do mercado de trabalho, têm que se desdobrarem para cumprir inúmeros papéis. Este é o perfil da mulher brasileira contemporânea: serviço externo, faxineira, doméstica, mãe, baba e amante, isso sem citar a pressão midiática pregando e idealizando a estética perfeita. Ou seja, você é escrava do seu patrão, do seu marido e dos seus filhos e ainda tem que estar linda.Ufa!Missão quase impossíve,a qual é realizada por milhares de mulheres todos os dias.
O Censo e seus dados estatísticos revelam uma "verdade",mas isto são apenas números;os olhares conduzem a outra verdade que, num primeiro instante, mostra-se como conquistas de incontestáveis grandezas ao universo feminino, mas , infelizmente, "maquiadas".Há muito ainda a ser conquistado. Que o cansaço provocado por esta intensa rotina feminina não desestimule nenhuma mulher a lutar por seus direitos e pela igualdade sexual tão idealizada.

Um corpo que vaga

As tardes nunca mais foram tão amarelas e claras como aquela...sem dúvida foi um daqueles dias em que a natureza intervém para torná-lo ainda mais vivo e forte.Sinto minhas entranhas arderem de um frio que cala o silêncio das minhas noites, cada vez que invade minha mente o amarelo enegrecido daquela tarde. Estávamos, Alberta e eu, já felizes por termos passado imunes pelo congestionamento habitual da Paulista, o qual sempre nos rouba nossas filhas, pobrezinhas, sempre tão agitadas: inglês, natação, roupas e brinquedos novos; fosse, talvez, o dia de chegarmos a tempo para dizer-lhes: "Boa noite". Alberta acelerou, mas pude ver em seus olhos o brilho daquela felicidade se acinzentando de azuis, pretos, brancos metálicos lentamente se unindo, colorindo o horizonte numa triste e silenciosa vista do pôr-do-sol. O carro parou e também nós paramos...-Aposto que é um cachorro atropelado.-Foi esta a frase com que Alberta denunciou o final daquele brilho em seus olhos. Fechar os vidros, travar as portas...Soltei a gravata enquanto Alberta mordia os cantos da boca...Odiava vê-la assim, deformava o rosto, mas ela não parou até que percebeu algo movendo as latas de lixo na calçada, fingiu não ter visto...Mas eu sabia que aquela visão a invadia, a vasculhava, adentrava teimosamente seu mundo...Arrancou até umas gotas de suor de sua fronte,as quais rapidamente enxugou-Fechou os vidros?Travou as portas?-As perguntas eram a prova da minha suspeita, ela estava sendo invadida pelo lixo.E ele continuava, impiedoso,movia-se,revirava-se, comia-se...-Será um cachorro?-Eu naum respondi, as luzes do motel em frente revelavam escondiam, piscando, a realidade-lixo, homem,lixo,homem,lixo-Alberta quase sorria ao se apagarem as luzes, eu também as preferia apagadas, assim não me corroíam os vermes, nem os da morte, nem os da desigualdade, porque lixo é morte, é podridão, e Alberta sabia disso, devia sentir dilacerar-lhe a alma a proximidade com aquela carne podre,carne como a sua que trazia muito limpa e cheirosa...cada minuto que passava presa ali.-pois estávamos presos nós três,por motivos e mundos diferentes, mas todos diante da mesma passividade e do mesmo tão comum individualismo dos seres humanos viventes em sociedade.É um paradoxo, é, pois, humano.-Torturava-lhe mais e mais a incapacidade de fazer algo por aquela coisa que tão semelhante, e por isso afrontante, lhe parecia. Independente da sua decisão,o lixo continuava: gemia-se,revirava-se...Afrontava-nos o modo como vencia a morte tirando dela sua vida a cada dia...Fazia nos sentir imundos, a cada mordida, a cada engolida daquilo de que Alberta e eu só aprendemos a fugir.Uma lágrima escapou dos seus olhos agora trites...Era o anúncio do seu fracasso, da sua decisão, a ação lhe pareceu correta, "albertamente" correta...Ela não faria nada.-Eu sabia, imagine, que um dia eu estava sujo de terra,pois havia jogado futebol e ela passou por mim, na rua, fingindo não reconhecer.-O lixo não sabia, mas pôs à prova a parte mais dura, a essência de Alberta,criada entre jóias e perfumes franceses...Não podia, o que diria sua mãe se a visse convidando um mendigo para o jantar? O que diria seu pai? Suas tias? Lutou a vida toda para se esquecer de que um dia ia apodrecer e chamou isso de viver bem. Como ia, agora, poder se aproximar de alguém que podia tirar vida daquilo que ela sempre chamou de morte? As fronteiras eram claras para ela! "Ser ou naum ser?" E Alberta não foi! Manteve sua alma enjaulada onde achou melhor a sociedade. Na verdade, quando o carro finalmente acelerou e o lixo foi ficando pequeno no retrovisor, senti pena, não do lixo, mas de Alberta que é uma pobre alma trancada dentro de um corpo que a mata um pouco por dia...Mais uma roupa que a esconde,mais um perfume que a sufoca, mais uma atitude mesquinha, ela já não tem força para simplesmente ser. talvez já não seja nada, e por isso tantas jóias,tantos prefumes capazes de esconder o mal cehiro de alguém que apodrece ainda em vida. Não pude nunca esquecer-me daquele dia, sei que Alberta também não se esquece, pois o lixo que ficava na cozinha foi mudado para o quintal, onde permaneceu longe de suas vistas. Novamente sacrificou sua alma em nome de sua "casca".

Patrícia Francisca Magri(Americana-SP)