domingo, 16 de outubro de 2011

Paga eu, Auricchio!


  Os trabalhadores da Secretaria de Educação de São Caetano do Sul convivem a anos com a manobra salarial do ABONO. A prefeitura se esquiva a tempos de assumir os R$200,00 enquanto direito adquirido dos trabalhadores, e continuam votando o valor como uma vantagem adicional ao salário, paga por fora do holerite, com a periodicidade de uma lotação em dias de chuva!
  Religiosamente, os funcionários públicos (concursados ou contratados) consultam seus extratos bancários na imprevisível esperança de pagamento do valor votado e aprovado em abril. Ninguém sabe de prazos, ninguém se responsabiliza e assim se segue... um mês a prefeitura paga, dois não, em datas regidas pela numerologia dos astros ou, mais provavelmente, pela sorte do Prefeito José Auricchio.
  Descaso completo!
  O dissídio de 13% que estampou vistosamente as capas dos principais jornais da região dispersam a atenção de diversos ataques que o clientelismo dessa província, intitulada cidade modelo, investem contra o operariado público. Pisos salariais que escondem que o verdadeiro aumento pouco influenciou o salário de fato, o qual se trata basicamente de uma revisão de valores no vale-transporte e cesta-básica (os quais estavam ainda mais obsoletos). Aliás, vantagens essas que também são um belo e reluzente ouro de tolos: o salário considerado "razoável" (nivelando-se por baixo, pensando nos salários hoje ofertados pelos municípios aos servidores públicos) não deixa claro que a o verdadeiro salário beira aos 800 reais e que o restante da remuneração se dá pelo vale-transporte e cesta-básica, fazendo inclusive que centenas de concursados e contratados abandone sua vaga pouquíssimos dias após sua posse ao se surpreender em ver que àquele valor não se soma benefícios, e sim que nele estão incluídos todos os vencimentos.
  Veja, e ainda nem entramos no mérito da carga horária dos atuais concursados. E para ilustrarmos mais fielmente essa conjuntura faz-se necessária aqui a reflexão sobre o caso, especificamente, das Auxiliares de Primeira Infância, conhecidas como A.P.I.s. Estas são fundamentais aliadas dos professores dentro da sala de aula na educação infantil. Somente com a presença destas, as quais em milhares de vezes assumem compulsoriamente atribuições de professor sem nem se quer contar com um diploma de pedagogas, seria impossível ostentar todos os índices e pesquisas de avanços na dita "educação de qualidade", apresentadas   a cada campanha eleitoral e fundamental legitimadora do trono "CIDADE MODELO".
  Estas profissionais entram na rede municipal através de concursos ou contratos administrativos celebrados com a prefeitura, a escolaridade exigida é a de Ensino Médio, mais os conhecimentos reproduzidos pelas mesmas dentro da sala de aula vão além do superior, e não, não se enganem, elas não recebem um real a mais por isso, trata-se de mera filantropia das "valorosas colaboradoras" da rede.
  Na ausência dos professores em sala de aula, as mesmas fazem as vezes de educadora. Raramente, pra não dizer quase nunca, providencia-se uma professora substituta. Os desvios de função são cotidianos: uma A.P.I. pode se desdobrar praticamente a uma Auxiliar de serviços gerais, acabam por ser desviadas para limpeza, para atribuições de merendeira, professora, escriturária, e até mesmo de diretora, já que a norma determina que na ausência de professor, a Auxiliar jamais deveria assumir tais responsabilidades, e quem as deveria tomar seria a Diretora, nestes "casos excepcionais", mas mexe demasiadamente com o ego de chefia retornar ao "medíocre" espaço da sala de aula quando a poltrona da direção aparenta ser mais confortável.
  E pra salientar o, ao que me parece, mais agressivo ataque, dentre centenas encontrados no dia-a-dia dos profissionais da educação (aqui impossíveis de ser escalados), a A.P.I. concursada ou contratada a partir da expansão dos quadros de 2008 tem que conviver e se adaptar a um absurdo, que no argumento mais conservador, é inconstitucional. A mesma categoria, antes e pós 2008, separada por uma discrepância salarial criminosa. As concursadas antes de 2008 ganham o mesmo salário trabalhando 36h semanais, e as concursadas e contratadas após 2008 recebem este valor por 44h semanais, provocando uma desleal divisão de classe, atentando contra os direitos democráticos destas profissionais e impondo o mais sem-vergonha argumento de que "se você se sujeitou ao edital, dançou!", deve se calar e trabalhar com a mesma disposição e motivação, e jamais blasfemar contra o maravilhoso e tradicional governo de direita que lhe proporcionou essa vaga. Faz parte, também, dos mandamentos do setor público de São Caetano jamais questionar as trocas de favores e fraudes em concursos públicos, e não se deve jamais espantar- se ao ouvir em seus primeiros dias de posse, a pergunta: "quem te colocou aqui dentro?".
  Ah meus caros, se eu fosse elencar aqui todos as contradições nas quais os funcionários públicos de São Caetano se deparam em seu cotidiano (sendo, este, meu também!), tendo de conviver com o hipócrita discurso de cidade dos sonhos, despenderíamos muito de nossa saliva. Mas ainda assim, estes problemas devem sair do silêncio, devem ser debatidos. A comunidade São Caetanense deve superar este histórico clientelismo, e estagnação das lutas trabalhista. Basta à adaptação!

OS BELOS NÚMEROS E PESQUISAS REIVINDICADOS POR VOCÊS A CADA ELEIÇÃO SOMOS NÓS QUEM FAZEMOS. ENTÃO DÊ-NOS O QUE É NOSSO SE NÃO QUISEREM SER PRIVADOS DE SUA FONTE DE PROPAGANDA BARATA PARA LUDIBRIAR A POPULAÇÃO DA "CIDADE DOS SONHOS"!

Por: Bianca (Bia ALOYÁ), Auxiliar de Primeira Infância da rede de São Caetano do Sul



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